Perda do feto durante a gestação por razões naturais (geralmente devido à morte do feto).
Aborto espontâneo: término de uma gestação antes do desenvolvimento adequado do feto para que consiga sobreviver (geralmente por volta de 20 semanas). Um evento natural, não um procedimento escolhido ou um aborto terapêutico. Veja também aborto incompleto (nem todos os produtos da concepção são expelidos); aborto completo (quando todos os produtos da concepção são expelidos); ameaça de aborto (quando há sintomas que indiquem a possibilidade de aborto); aborto inevitável (quando os sintomas não podem ser interrompidos e o aborto ocorre) e aborto infectado.
Causas, incidência e factores de risco:
A causa da maioria dos abortos é a morte do feto devido à anormalidades de crescimento não causados pela mãe. Outras causas possíveis para o aborto espontâneo são: infecção, defeitos físicos da mãe, factores hormonais, (endócrinos) respostas imunes e doenças sistémicas graves (como o diabetes ou problemas da tireóide).
Estima-se que quase 50% dos óvulos fertilizados morrem e são perdidos (abortados) espontaneamente, geralmente antes da mulher saber que está grávida. Dentre todas as mulheres grávidas, a taxa de aborto espontâneo é de aproximadamente 10%, e geralmente ocorre entre a sétima e décima segunda semanas de gravidez (gestação).
O risco do aborto espontâneo aumenta em mulheres com mais de 35 anos de idade, mulheres com doenças sistémicas (tais como diabetes ou disfunções da tireóide) e aquelas com uma história de 3 ou mais abortos espontâneos anteriores.
Sintomas:
• gestação actual
• sangramento vaginal
◦ com ou sem cólicas abdominais
◦ entre os períodos menstruais
• dor na região lombar das costas ou dor abdominal
◦ cólica, aguda ou surda
◦ persistente/constante ou intermitente
• saída de material tissular ou em forma de coágulos pela vagina
Obs.: aproximadamente 20% das mulheres grávidas têm algum tipo de sangramento vaginal durante o primeiro trimestre de gestação. Menos da metade dessas mulheres sofre aborto espontâneo.
Sinais e exames:
O exame ginecológico pode revelar diminuição moderada do colo uterino (desaparecimento), aumento da dilatação do colo uterino e evidência de rompimento de membranas.
• exame de HCG (qualitativa na urina) ou HCG (qualitativa sérica) confirma a gestação
• pode-se obter valores de HCG (quantitativos) serial, em intervalos de dias ou semanas
• Hemograma completo para determinar o grau de perda de sangue
• pode também ser realizada uma contagem de glóbulos brancos e diferencial para descartar a possibilidade de infecção
A doença também pode alterar os resultados dos seguintes exames:
• ultra-som transvaginal
• ultra-som obstétrico
• pregnanediol
• estriol na urina
• estriol sérico
• progesterona sérica
• tempo de lise da euglobulina
• produtos de degradação da fibrina
Tratamento:
O tratamento para a ameaça de aborto varia desde a restrição de certas formas de exercícios até o repouso completo na cama. Geralmente se recomenda a abstinência sexual até que os sinais desapareçam.
No caso do aborto espontâneo, o tecido que passa pela vagina deve ser examinado para determinar a sua origem (fetal versus mola hidatidiforme) e se algum tecido fetal permanece no útero (aborto incompleto). Os abortos ocultos, que não ocorrem naturalmente, e os abortos espontâneos incompletos podem necessitar de cirurgia para a remoção dos tecidos retidos (procedimento de D e C). Qualquer sangramento vaginal adicional deverá ser cuidadosamente monitorizado.
Expectativas (prognóstico):
O resultado final é bom e complicações são raras. Recomenda-se esperar alguns meses antes de tentar nova gestação.
Complicações:
• o tecido fetal retido no útero é chamado de aborto incompleto e pode causar infecção e deve ser removido cirurgicamente (dilatação e curetagem).
• pode ocorrer infecção após um aborto completo ou incompleto.
• em um aborto oculto, a gestação continuou por 4 semanas ou mais após a morte do feto. Isso geralmente ocorre durante o segundo trimestre de gestação. Algumas vezes, (se cedo o suficiente durante a gestação) é feita uma D e C ou D e E para remover todos os tecidos mortos. Frequentemente, o trabalho de parto deve ser induzido para se expelir o feto morto e outros tecidos uterinos.
• a “síndrome do feto morto” é um termo usado para descrever uma condição que afecta a mãe. Se o feto morreu, mas o tecido morto não foi expelido pelo útero, uma activação anormal do sistema de coagulação sanguíneo (sistemas de coagulação e fibrinolítico) pode aparecer em resposta à liberação de agentes químicos anti-coagulantes pelo feto morto retido (aborto oculto)
Solicitação de assistência farmacêutica e médica:
Marque uma consulta se ocorrer sangramento vaginal com ou sem cólicas durante a gestação ou se estiver grávida e notar material tissular ou com aparência de coágulo passando pela vagina (quaisquer desses materiais devem ser recolhidos para exame).
Prevenção:
Muitos dos abortos espontâneos que são causados por doenças maternas poderiam ser prevenidos com a detecção precoce e tratamento (antes da concepção).
A diminuição dos riscos de aborto espontâneo tem sido atribuída aos cuidados pré-natais precoces e ao fato de se evitar riscos ambientais (tais como exposição a raios X e doenças infecciosas).
O aborto espontâneo ocorre de maneira natural após a morte do feto. O tecido morto é expelido do útero e a mulher volta ao seu ciclo menstrual normal dentro de poucas semanas (geralmente).
Obs.: com frequência, é possível engravidar imediatamente após um aborto espontâneo, entretanto, é recomendado que se espere um ou dois ciclos menstruais normais antes de tentar nova gestação. Às vezes, o útero não expele todo o tecido fetal, no caso considerado aborto incompleto. O aborto espontâneo incompleto pode exigir extracção cirúrgica do tecido retido. Se ocorrer a morte do feto que não seja acompanhada da expulsão pelo útero do tecido morto, se considera um aborto oculto. Os sinais de gestação diminuem, o útero começa a voltar para o seu tamanho original e geralmente aparece uma secreção vaginal marrom ou vermelha. Se o aborto espontâneo não ocorrer em um período de tempo razoável (cerca de 4 semanas) terá que ser feita uma dilatação e curetagem ou um trabalho de indução para remover o feto morto. Quando o corpo materno tem dificuldade para manter a gestação, sinais tais como sangramento vaginal leve podem ocorrer. Isto é uma ameaça de aborto, o que significa que há a possibilidade de aborto, mas não é inevitável. Uma mulher grávida que tenha esses sinais ou sintomas de ameaça de aborto deve buscar assistência médica pré-natal imediatamente.