RTA clássica, acidose tubular renal – distal, acidose tubular renal tipo I, RTA – distal, RTA – Tipo I
Condição na qual o corpo fica em estado de acidez, provocado pela excreção anormal de ácido (iões de hidrogénio) do túbulo distal do rim.
Causas, incidência e fatores de risco:
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE NORMAL
Um ião é uma substância com carga elétrica. O equilíbrio ácido-base é definido pela concentração de iões de hidrogénio, que corresponde ao pH. O pH normal do corpo é ligeiramente alcalino. As substâncias ácidas no corpo incluem o dióxido de carbono e as moléculas que contêm iões de hidrogénio. Estas têm o seu equilíbrio preservado (são neutralizadas) por substâncias alcalinas, principalmente o bicarbonato, e algumas vezes pelo fosfato, proteínas, hemoglobina e outras substâncias. Os níveis aumentados de dióxido de carbono ou níveis reduzidos de bicarbonato podem criar um estado de acidez no corpo denominado acidose. Os níveis reduzidos de dióxido de carbono ou níveis aumentados de bicarbonato podem criar um estado alcalino excessivo, chamado alcalose. Se o defeito for ocasionado por alterações nos níveis de dióxido de carbono, trata-se de uma acidose respiratória ou alcalose respiratória. Porém, se o defeito for provocado por alterações nos níveis de bicarbonato, denomina-se acidose metabólica ou alcalose metabólica.
O sistema respiratório regula os níveis de dióxido de carbono por meio de alterações na frequência respiratória. O dióxido de carbono é perdido com a respiração mais acelerada, e aumentado quando a respiração fica lenta. Isto proporciona um equilíbrio rápido, porém temporário, do pH do corpo.
O principal equilíbrio do pH corporal a longo prazo ocorre nos rins, que excretam ácidos, e expelem ou produzem bicarbonato para ser usado pelo corpo.
ACIDOSE TUBULAR RENAL DISTAL
A acidose tubular renal é uma das causas mais comuns da acidose metabólica. A acidose tubular renal distal (RTA Tipo I) é um distúrbio causado por um defeito na secreção de iões de hidrogénio no túbulo renal distal (a última porção do túbulo renal). Isto provoca uma redução na reabsorção de bicarbonato na corrente sanguínea.
A RTA Tipo I ocorre em cerca de 1 em cada 10.000 pessoas. A causa exata do defeito varia, incluindo condições hereditárias e adquiridas.
A acidose tubular renal causa distúrbios corporais relacionados com a perda de bicarbonato e a incapacidade de expelir hidrogénio. O corpo tenta manter um equilíbrio eletroquímico entre as moléculas de carga positiva e negativa. Caso venha a ocorrer a excreção anormal de uma molécula, a excreção de outras moléculas pode se tornar anormal, numa tentativa de manter o equilíbrio.
A RTA Tipo I causa retenção de ácido, e está associada também com uma leve perda de potássio na urina.
A condição de acidez corporal faz com que o cálcio dos ossos se dissolva. O cálcio acumula-se na corrente sanguínea, e o excesso de cálcio sérico é expelido pelos rins, provocando uma perda do cálcio total do corpo, o que resulta em osteomalacia ou raquitismo, crescimento prejudicado de crianças, deformações esqueléticas e fraqueza muscular. Há uma incidência acentuada de pedra no rim e nefrocalcinose associados com a excreção excessiva de cálcio e fosfato pelos rins.
Sintomas:
- fadiga
- fraqueza
- confusão ou alerta diminuído
- frequência respiratória aumentada
Sinais e exames:
A indicação mais comum é pedra no rim (cálculos renais). A frequência respiratória pode ser rápida à medida que o corpo tenta reduzir o dióxido de carbono em resposta aos níveis reduzidos de bicarbonato. Podem aparecer sinais e sintomas de osteomalacia, raquitismo, nefrocalcinose ou distúrbios de eletrólitos.
- as medições simultâneas do pH sanguíneo e do pH da urina podem mostrar excreção inadequada do ião de hidrogénio,
- um exame de urina tipo 1 indica anormalidades, incluindo níveis aumentados de cálcio e potássio na urina. A urina pode estar alcalina;
- uma ABG (gasometria do sangue arterial) e análise da bioquímica do sangue indicam acidose metabólica e hipocalemia (baixo potássio no sangue).
Tratamento:
O objetivo do tratamento é restaurar o pH normal (nível ácido-básico) e o equilíbrio normal de eletrólitos. Isto, indiretamente, corrigirá os distúrbios ósseos e reduzirá o risco de nefrocalcinose e pedra no rim. A causa subjacente também deve ser corrigida, se puder ser identificada.
Medicamentos alcalinos, como o citrato de potássio e o bicarbonato de sódio, são administrados para regular a condição de acidez do corpo. A administração de bicarbonato de sódio pode compensar a perda de potássio e cálcio.
Suplementos à base de cálcio e vitamina D geralmente não são indicados, visto que a tendência à nefrocalcinose persiste mesmo depois da terapia com bicarbonato.
Expectativas (prognóstico):
O distúrbio deve ser tratado com o propósito de reduzir os seus efeitos e complicações, que podem ser permanentes e/ou potencialmente de alto risco. A maioria dos casos é resolvida com sucesso mediante tratamento.
Complicações:
- osteomalacia
- raquitismo
- nefrocalcinose
- pedra no rim
- distúrbios dos eletrólitos que incluem (porém não se restringem a) hipocalemia.
Solicitação de assistência médica e farmacêutica:
Solicite assistência médica se aparecerem sintomas que sugerem uma acidose tubular renal distal.
Solicite assistência médica se aparecerem novos sintomas, incluindo dor nos ossos, dor nas costas, no flanco ou no abdómen, deformações esqueléticas, frequência cardíaca aumentada ou batimentos cardíacos irregulares, cãibras musculares, redução da produção de urina, urina com sangue ou outros sintomas.
Entre imediatamente em contato com o seu médico se apresentar qualquer sintoma de emergência, como: uma severa diminuição da condição de alerta ou da orientação, diminuição do nível de consciência e convulsões.
Prevenção:
Não existe método de prevenção conhecido para este distúrbio.