Leucodistrofia melanodérmica; adrenoleucodistrofia ligada ao X

Distúrbio hereditário do metabolismo dos ácidos graxos que afeta as glândulas adrenais (ou suprarrenais), o sistema nervoso e os testículos.

Causas, incidência e fatores de risco:

A adrenoleucodistrofia é transmitida como uma característica ligada ao cromossoma X, e acredita-se que a sua incidência seja ligeiramente superior a 1 em cada 100.000 pessoas. O defeito metabólico é o acúmulo de ácidos graxos de cadeia longa no sistema nervoso, nas glândulas adrenais e nos testículos, onde o material acumulado interrompe a atividade normal. Existem várias formas diferentes da doença. A mais grave é a forma cerebral infantil, que aparece no meio da infância. As demais formas aparecem durante a adolescência. Aproximadamente um terço das pessoas afetadas desenvolve sintomas neurológicos, enquanto todas desenvolvem uma função adrenal anormal.

Na forma infantil, os primeiros sintomas abrangem hiperatividade, dificuldade na escola, dificuldade para compreender a comunicação verbal, deterioração da escrita, olhos vesgos (estrabismo) e possíveis convulsões. À medida que a doença avança aparecem novos sinais de danos na substância branca do cérebro que incluem alterações no tónus muscular, rigidez e deformidades por contratura, dificuldade de deglutição e coma.

Outro componente importante presente em todas as formas de adrenoleucodistrofia é o desenvolvimento bastante significativo de uma função adrenal deficiente (semelhante à doença de Addison), que pode ser tratada de forma adequada com corticosteróides.

Sintomas:

  • hiperatividade
  • diminuição do desempenho escolar
  • diminuição da compreensão da comunicação verbal (afasia)
  • olhos vesgos
  • dificuldade de deglutição
  • alterações no tónus muscular, especialmente espasmos musculares e espasticidade

Deterioração progressiva do sistema nervoso:

  • paralisia
  • perda da audição
  • deficiência visual ou cegueira
  • estado vegetativo
  • deterioração da escrita
  • deterioração do controle motor fino

Outros eventuais sintomas são:

  • convulsões

Sintomas de insuficiência adrenal

 

Gerais:

  • fraqueza muscular
  • emaciação (perda de peso e de massa muscular)
  • diminuição do apetite
  • aumento da pigmentação cutânea

Crise:

  • choque
  • cianose
  • pulso rápido e fraco (taquicardia)
  • pele fria
  • respiração rápida (taquipneia)

Sinais e exames:

Pode haver sinais de função adrenal anormal (insuficiência adrenal).

Exames:

  • química sérica indicando uma quantidade elevada de ácidos graxos de cadeia longa
  • biopsia de pele e cultura de fibroblastos indicando níveis elevados de ácidos graxos de cadeia longa
  • ressonância magnética da cabeça mostrando danos na substância branca do cérebro (a substância branca é um tipo específico de tecido cerebral)
  • tomografia computadorizada da cabeça mostrando danos na substância branca do cérebro

Tratamento:

A disfunção adrenal é tratada com esteróides suplementares como cortisona e cortisol.

Até ao momento, não existe um tratamento específico disponível para a adrenoleucodistrofia. No entanto, uma dieta baixa em ácidos graxos de cadeia longa e a administração de óleos especiais têm-se mostrado capazes de reduzir os níveis plasmáticos de ácidos graxos de cadeia longa. Esse tipo de óleo é conhecido como Óleo de Lorenzo, em homenagem ao filho do casal que descobriu o tratamento. A eficácia dessa dieta no tratamento da adrenoleucodistrofia ainda está sendo avaliada.

Expectativas (prognóstico):

A forma infantil da adrenoleucodistrofia é uma doença progressiva que leva a uma inabilidade profunda. As formas tardias são muito menos perigosas.

Complicações:

  • crise adrenal
  • estado vegetativo (coma de longa duração)

Solicitação de assistência médica e farmacêutica:

Procure assistência médica se o seu filho apresentar sintomas indicativos de adrenoleucodistrofia. Caso possua um filho com adrenoleucodistrofia, procure assistência médica se detectar aumento nas dificuldades causadas pela doença.

Prevenção:

Recomenda-se aconselhamento genético para futuros pais com antecedentes de adrenoleucodistrofia. Na maioria das vezes o estado portador nas mulheres pode ser diagnosticado por meio de exames laboratoriais. O diagnóstico intra-uterino da adrenoleucodistrofia está disponível e é realizado através de uma avaliação das células de amostras das vilosidades coriónicas ou das células amnióticas (amniocentese).