Espelho da nossa alma e da nossa saúde, é fundamental estarmos atentos aos nossos olhos. Afinal, os olhos podem sofrer, a qualquer momento, de pequenos males, pelo que a visão deve ser vigiada… bem de perto.

Os olhos encarnados são um dos problemas que afetam a nossa visão. Uma condição tão comum que representa, por si só, um vasto capítulo da oftalmologia. O olho vermelho pode ter várias causas, mas na sua maioria, não representa um motivo de preocupação, uma vez que se pode resolver espontaneamente. Contudo, é preciso estar atento e contar sempre com o aconselhamento do seu farmacêutico, que o pode ajudar a identificar as situações em que é necessária uma consulta médica. Uma das causas mais frequentes de olho vermelho é a conjuntivite, ou seja, a inflamação da conjuntiva, um fino tecido transparente sulcado por inúmeros pequenos vasos sanguíneos. Pode ter uma origem infeciosa ou alérgica e é caracterizada por uma impressão desagradável, como se tivéssemos grãos de areia nos olhos, além de um lacrimejo abundante. Na conjuntivite infeciosa o grande perigo reside no elevado risco de contágio, pelo que é recomendável o doente não partilhar com ninguém os seus objetos de higiene.

A hemorragia subconjuntival é outra situação bastante frequente, que consiste na rutura de um pequeno vaso sanguíneo por baixo da superfície transparente do olho, a conjuntiva. É fácil perceber quando ocorre: manifesta-se pela aparição repentina de uma mancha de coloração encarnada na conjuntiva, muito localizada e contrastando com o branco do olho. Felizmente, não se sente qualquer dor, e a pequena hemorragia é absorvida por si mesma no período de uma a duas semanas.

Entrando no capítulo das doenças mais graves, encontramos, em primeiro lugar, a queratite, uma inflamação da córnea que se deve, entre outros fatores, a uma lesão provocada no olho: um rasgão feito pelas unhas, a entrada de um corpo estranho ou de uma substância tóxica. A queratite também pode ter uma origem infeciosa, devido à entrada de bactérias ou vírus que contaminam a córnea. Os olhos ficam encarnados e dolorosos, lacrimosos, não suportam a luz e torna-se difícil abrir as pálpebras. A queratite deve ser tratada com a maior urgência e dependendo da causa, são escolhidos os medicamentos mais apropriados.

Também a uveíte pode derivar numa doença mais séria se não for convenientemente tratada. Trata-se de uma inflamação da úvea, uma camada intermédia do olho composta pela íris, coroide e corpo ciliar, que pode ser provocada por uma doença que afeta o corpo todo como a espondilite anquilosante (uma forma de reumatismo) ou por um vírus (zona, herpes). Quem sofre de uveíte pode apresentar o olho muito encarnado e doloroso e a visão pode tornar-se enevoada ou a pessoa pode ver pontos negros flutuantes. Os sintomas iniciais da uveíte podem ser ligeiros, contudo não devem ser ignorados e o tratamento deve começar o mais cedo possível para evitar lesões permanentes. A doença é, frequentemente tratada com corticosteroides e medicamentos para dilatar as pupilas. Outro problema bastante incómodo é o treçolho. O responsável mais comum por este processo é o Staphylococcus aureus, uma bactéria, traduz-se numa inflamação aguda num folículo de uma pestana ou numa das glândulas da pálpebra – esta torna-se encarnada, dolorosa e ao fim de poucos dias, revela-se um nódulo de pus doloroso. Na maioria dos casos, cura-se em poucos dias nem necessidade de tratamento. O nódulo nunca deve ser espremido dado o risco de causar a dispersão das bactérias.A capacidade de ver é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores tesouros de que dispomos. Preservar e tratar os nossos olhos, tão complexos e delicados, é, assim, uma obrigação de todos nós.

Chorar ajuda

As lágrimas derivam, habitualmente, de situações de sofrimento e representam dor física ou psicológica, pelo que estão, regra geral, associadas a sensações desagradáveis. Mas a verdade é que a sua função é, acima de tudo, protetora: contêm substâncias que defendem o olho de vírus, bactérias, irritações e de corpos estranhos que o podem penetrar, mantêm uma lubrificação adequada e fornecem nutrientes.

As lágrimas não são mais do que uma secreção natural aquosa, ligeiramente salgada, que contém substâncias antibacterianas e que é produzida pelas glândulas lacrimais, situadas na parte interna das pálpebras. Quando choramos espalham-se pela conjuntiva e pela córnea e vão depositar-se no canto do olho – o saco lacrimal, muito perto da raiz do nariz. A partir daí, passam por um canal que as leva às fossas nasais onde o líquido se evapora ou é em parte assimilado.

Nem todos produzem, porém, lágrimas suficientes para manter o olho bem humidificado, casos em que surgem alguns sintomas como impressão de areia, queimaduras ou piscar de olhos mais frequente. Pode dar-se o caso, também, de uma reação alérgica às lentes de contacto, ao fumo ou ao ar climatizado.
A secura ocular pode surgir na altura da menopausa, na presença de certas doenças como artrite reumatoide, de tratamentos à base de ansiolíticos e antidepressivos, ou ainda durante a gravidez. Trata-se sobretudo de uma perturbação, não consistindo num problema grave, sendo que o tratamento pode exigir a aplicação de lágrimas artificiais e lubrificantes oftálmicos.

Sintomas luminosos?
Os pequenos corpos flutuantes formados no humor vítreo, um líquido gelatinoso que preenche a cavidade ocular, são as chamadas “moscas voadoras”, e para a retina, assemelham-se a sombras ou ponto negros que aparecem no campo de visão. A causa mais frequente é o descolamento do corpo vítreo que adere à retina, uma alteração que pode acontecer sensivelmente após os 70 anos. Já os raios luminosos que por vezes também surgem podem ser provocados por um fenómeno de tração do corpo vítreo sobre a retina, também devido a alterações resultantes da idade avançada.

E o computador?
É uma preocupação comum: trabalhar tantas horas no computador prejudica a saúde dos meus olhos? A resposta é tranquilizadora: a sua utilização, mesmo quando prolongada, não vai atacar fisicamente os nossos olhos. Quando se está muito tempo a olhar para um ecrã, há tendência para piscar menos vezes os olhos, aumentando a secura ocular e a sensação de cansaço visual. É fundamental manter uma distância razoável entre a face e o ecrã, cerca de 50 a 60 centímetros, bem como fazer pausas regulares para olhar para cima ou para outro lado da sala.

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