Acidose tubular renal – proximal, acidose tubular renal tipo II, RTA – proximal, RTA Tipo II

Condição na qual o corpo fica em estado de acidez, provocado pela secreção deficiente do ião de hidrogénio no túbulo proximal do rim.

Causas, incidência e fatores de risco:

EQUILÍBRIO DE ÁCIDO/BASE NORMAL
O equilíbrio ácido-base é definido pela concentração de iões de hidrogénio, que corresponde ao pH. O pH normal do corpo é ligeiramente alcalino. As substâncias ácidas no corpo incluem o dióxido de carbono e as moléculas que contêm iões de hidrogénio. Estas têm o seu equilíbrio preservado (são neutralizadas) por substâncias alcalinas, principalmente o bicarbonato, e algumas vezes pelo fosfato, proteínas, hemoglobina e outras substâncias. Os níveis aumentados de dióxido de carbono ou níveis reduzidos de bicarbonato podem criar um estado de acidez no corpo denominado acidose. Os níveis reduzidos de dióxido de carbono ou níveis aumentados de bicarbonato podem criar um estado alcalino excessivo, chamado alcalose. Se o defeito for ocasionado por alterações nos níveis de dióxido de carbono, trata-se de uma acidose respiratória ou alcalose respiratória. Porém, se o defeito for provocado por alterações nos níveis de bicarbonato, denomina-se acidose metabólica ou alcalose metabólica.

O sistema respiratório regula os níveis de dióxido de carbono por meio de alterações na frequência respiratória. O dióxido de carbono é perdido com a respiração mais acelerada, e aumentado quando a respiração fica lenta. Isto proporciona um equilíbrio rápido, porém temporário, do pH do corpo.

O principal equilíbrio do pH corporal a longo prazo ocorre nos rins, que excretam ácidos, e expelem ou produzem bicarbonato para ser usado pelo corpo.

ACIDOSE TUBULAR RENAL PROXIMAL
A acidose tubular renal proximal (RTA Tipo II) é um distúrbio causado por um defeito parcial na secreção de iões de hidrogénio no túbulo renal proximal. Isto provoca uma redução na reabsorção do bicarbonato do túbulo de volta para a corrente sanguínea. A acidose tubular renal é uma das causas da acidose metabólica.

A RTA Tipo II é uma forma pouco comum, porém muito conhecida, de acidose tubular renal tubular. Ela é menos comum do que a RTA clássica (Tipo I). Este distúrbio ocorre com maior frequência durante a infância, podendo desaparecer espontaneamente. A causa exata do defeito varia, incluindo condições hereditárias e adquiridas.

A acidose tubular renal causa distúrbios corporais relacionados com a perda de bicarbonato, e a incapacidade para expelir hidrogénio. O corpo tenta manter um equilíbrio eletroquímico entre as moléculas de carga positiva e negativa. Caso venha a ocorrer a excreção anormal de uma molécula, a excreção de outras moléculas pode se tornar anormal, numa tentativa de manter o equilíbrio. A RTA Tipo II provoca a perda de bicarbonato, e também está associada com a perda de glicose e aminoácidos na urina. Há uma perda excessiva de fosfato e cálcio, assim como uma perda considerável de potássio na urina. O corpo também pode perder líquidos, visto que a água acompanha a excreção destas moléculas.

A condição de acidez corporal faz com que o cálcio dos ossos se dissolva. O cálcio acumula-se na corrente sanguínea, e o excesso de cálcio sérico é expelido pelos rins, provocando uma perda do cálcio total do corpo, o que resulta em osteomalacia ou raquitismo, crescimento prejudicado de crianças, deformações esqueléticas e fraqueza muscular. Há uma incidência acentuada de pedra no rim e nefrocalcinose associados com a excreção excessiva de cálcio e fosfato pelos rins.

Sintomas:

  • fadiga
  • fraqueza
  • confusão ou diminuição da condição de alerta
  • frequência respiratória aumentada
  • dor muscular

Sinais e exames:

A frequência respiratória pode ser rápida, à medida que o corpo tenta diminuir o dióxido de carbono em resposta aos níveis reduzidos de bicarbonato. Podem aparecer sinais e sintomas de osteomalacia ou raquitismo, pedra no rim, nefrocalcinose ou distúrbios de eletrólitos. Podem aparecer sinais de desidratação, devido à perda de água na urina que pode acompanhar a excreção de eletrólitos.

  • as medições simultâneas do pH sanguíneo e do pH da urina podem mostrar uma excreção inadequada do ião de hidrogénio;
  • um exame de urina tipo 1 indica anormalidades, incluindo níveis excessivos de fosfato e cálcio na urina. A urina pode estar alcalina, embora isto possa mudar à medida que o corpo torna-se mais ácido, e quantidades maiores de bicarbonato são reabsorvidas para neutralizar a condição de acidez. Este exame também pode mostrar anormalidades, como perda de glicose e aminoácidos, que ocorre quando a filtração do rim se torna anormal;
  • a gasometria do sangue arterial e a análise bioquímica do sangue podem indicar acidose metabólica e anormalidades nos eletrólitos.

Esta doença também pode alterar os resultados dos seguintes exames:

  • renina
  • potássio na urina (elevado)
  • teste do potássio (diminuído)
  • teste urinário de ácido cítrico
  • cloreto sérico (elevado)
  • cálcio na urina
  • teste de concentração de ácido (pH)

Tratamento:

O objetivo do tratamento é restaurar o pH normal (nível ácido-básico) e o equilíbrio normal de eletrólitos do corpo. Isto, indiretamente, corrigirá os distúrbios ósseos e reduzirá o risco de nefrocalcinose e pedra no rim. Alguns adultos podem não precisar de tratamento, mas todas as crianças necessitam de terapia álcali para evitar doença óssea e permitir um crescimento normal. A causa subjacente também deve ser corrigida, se puder ser identificada.

Terapia álcali:
Os medicamentos alcalinos, como o citrato de potássio e o bicarbonato de sódio, são administrados para regular a condição de acidez do corpo e os níveis baixos de potássio. Os diuréticos à base de tiazida podem indiretamente aumentar a reabsorção de bicarbonato.

Suplementos à base de vitamina D e de cálcio podem ser necessários para ajudar a reduzir as deformações esqueléticas que resultam da osteomalacia ou do raquitismo.

Expectativas (prognóstico):

Embora a causa da acidose tubular renal proximal possa ser resolvida espontaneamente, o distúrbio deve ser tratado, a fim de reduzir os seus efeitos e complicações, que podem ser permanentes e/ou de alto risco. A maioria dos casos é resolvida com sucesso mediante tratamento.

Complicações:

  • osteomalacia
  • raquitismo
  • nefrocalcinose
  • pedra no rim
  • distúrbios dos eletrólitos que incluem (porém não se restringem a) hipocalemia.

Solicitação de assistência médica e farmacêutica:

Solicite assistência médica se aparecerem sintomas que sugerem uma acidose tubular renal proximal.

Solicite assistência médica se aparecerem novos sintomas, incluindo dor nos ossos, dor nas costas, no flanco ou no abdómen, deformações esqueléticas, frequência cardíaca aumentada ou batimentos cardíacos irregulares, cãibras musculares, redução da produção de urina, urina com sangue, ou outros sintomas.

Entre imediatamente em contacto com o seu médico se apresentar qualquer sintoma de emergência, como: uma severa diminuição da condição de alerta ou da orientação, diminuição do nível de consciência e convulsões.

Prevenção:

A maioria dos distúrbios que provocam a acidose tubular renal proximal não pode ser prevenida.

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